quinta-feira, 28 de agosto de 2008




OBSERVATÓRIO DE ITACURUBA, UMA POSSIBILIDADE DE PESQUISAS ASTRONÔMICAS PROFISSIONAIS EM PERNAMBUCO

Por: Prof. Audemário Prazeres

No dia 08 de Março de 2003, no caderno Ciência/Meio Ambiente do Jornal do Commercio, publiquei um artigo intitulado “Meio Rural, Alternativa para Astronomia”.

Neste artigo, comento a real possibilidade de desenvolvimento de observações astronômicas no meio rural, no qual destaco a excelente transparência do céu, e a ausência de poluição luminosa em algumas localidades interioranas como fatores imprescindíveis para a Astronomia observacional. Inclusive, comento uma ótima parceria da A.A.P./ S.A.R., com um equipamento turístico rural, localizado na zona da mata do nosso Estado, onde desenvolvemos inúmeras práticas observacionais com uma qualidade do céu não vista nas grandes cidades.

Pois bem, visitei a cidade de Itacuruba (ver seta no mapa “Nova Itacuruba”), na qual encontra-se situada no Sertão do Moxotó de Pernambuco, no Submédio São Francisco na micro-região de Itaparica cerca de 481 km do Recife.

A cidade possui uma área de 437 Km², tendo suas limitações geográficas ao Norte com a cidade de Belém do São Francisco; ao Sul com a cidade de Rodelas na Bahia; ao Leste com a cidade de Floresta; e a Oeste novamente com a cidade de Belém do São Francisco. A mesma encontra-se pertencente ao semi-árido pernambucano, com uma temperatura média anual de 27°C, e seu acesso é pelas Rodovias BR 232, BR110, PE 360, BR 316 e PE 422.

Uma cidade muito agradável, com ruas bucólicas, bem arborizadas, tendo uma população de pouco mais de 5 mil habitantes de um povo alegre, festeiro e pacato, nos quais preservam seus costumes, muitos deles repassados de geração em geração. A cidade trabalha um slogan denominado como “Jardim Sertanejo” faz jus pelo aspecto de paisagismo que se apresenta a cidade.

Sua economia vem centrada em um mega projeto de piscicultura, onde observamos algumas etapas em pleno funcionamento, o que vem proporcionando boas ofertas de empregos diretos e indiretos.

Mas, o que me chamou a atenção, é no desenvolvimento de um projeto que se enquadra como um verdadeiro diferencial do segmento turístico e no desenvolvimento da Astronomia em nossa região. Refiro-me ao Observatório Astronômico de Itacuruba.

Em encontro firmado com o atual Prefeito o Sr. Romero Magalhães, entreguei em mãos uma cópia do nosso projeto (SAR/AAP): ASTRONOMIA NO DESENVOLVIMENTO DO TURISMO RURAL”, no qual entendo ser interessante contribuirmos nos anseios do seu município. O mesmo declarou que quando criou o projeto Observatório em sua cidade, tinha como objetivo a projeção que seu município teria com uma atitude pioneira de instalação de um centro de pesquisas astronômicas na região.

Confesso que trata-se de uma iniciativa ousada do atual Prefeito, que juntamente com o projeto envolvendo a piscicultura, demonstra uma visão empreendedora na consolidação do seu município no cenário turístico alternativo, campo este destinado ao Turismo Rural. Como também, vejo no desenvolvimento desse projeto observatório, um forte legado de cunho educacional, com o estimulo da visitação de estudantes de várias localidades, e no fortalecimento das pesquisas astronômicas de relevada importância a nível nacional.

O OBSERVATÓRIO DE ITACURUBA

Primeira Edificação

As instalações do Observatório de Itacuruba encontram-se em fase de construção. Embora, no momento de minha visita (que compreendeu os dias 23 a 29 de Março do corrente ano), a obra se apresenta de forma interrompida, tendo suas recentes estruturas de alvenaria necessitando de uma manutenção, e ainda a existência da vegetação do seu entorno muito acentuada.

Trata-se de duas edificações espaçadas não muito distantes entre si, estando não localizada nas proximidades da cidade. O seu acesso é por meio de uma estrada não asfaltada, na qual encontra-se extremamente prejudicada pelo processo de erosão em vários trechos. Não há sinalização que oriente o visitante até o seu local. Torna-se interessante buscar um nativo da cidade para ser nosso guia.

Ao chegarmos no complexo que compreende o projeto Observatório, avistamos uma edificação que demonstra ser o local de visitação pública, onde provavelmente será o local de eventos, cursos, exposições e observações de contemplação dos astros frente aos visitantes.

Este prédio possui uma escadaria lateral, que permite o acesso a um grande terraço, onde sob ele, vemos a construção em andamento de uma cúpula. Na parte de baixo do prédio, vemos os locais destinados a dois banheiros, uma sala e um ambiente que demonstra ser um mini-auditório, com um pequeno espaço entendido como um terraço com janelas, o que possibilita ao visitante uma vista panorâmica do entorno e também, do que possivelmente será o Observatório principal propriamente dito no alto de uma serra.

Notem na imagem em que estou fazendo o apontamento da coluna em que vai abrigar o telescópio neste primeiro prédio. A mesma encontra-se dissociada da estrutura de lage que compreende a edificação. Esse detalhe no projeto é de suma importância no que concerne as observações de precisão, ou de práticas em astrofotografia. Isto porque, é comum no pisoteamento das pessoas (sejam visitantes ou dos astrônomos), a ocorrência de vibrações na estrutura de lage da edificação, e por conseguinte, interferir diretamente no instrumento o que prejudica na qualidade da observação ou registro fotográfico.

O OBSERVATÓRIO DE ITACURUBA

Segunda Edificação

Vemos no alto da serra, uma outra edificação que demonstra abrigar o telescópio principal, sendo o prédio em sua parte inferior vemos uma sala, um banheiro, uma pequena sala que pode abrigar uma copa, e uma outra que poderá servir como dormitório. Por fim, um pequeno espaço abaixo da escadaria lateral, e um terraço de varanda ao qual estou na imagem, com vista na rampa de acesso ao Observatório.

Em sua parte superior, vemos um pequeno terraço e a construção do local da cúpula com sua base de coluna onde descasará o instrumento. Todo o prédio, foi construído em uma base sólida que compreende ao lajedo natural da serra.


QUAL A IMPORTÂNCIA CIENTÍFICA DE UM OBSERVATÓRIO INSTALADO NO SEMI-ÁRIDO?

Para responder a esta pergunta, primeiramente temos que analisar os Fatores Fundamentais frente à instalação de um telescópio astronômico. Esses fatores são:

a) A nebolusidade

b) A transparência do ar

c) A turbulência no ar

d) As vibrações


a) A Nebulosidade: É evidente que quando o céu encontra-se nublado a observação direta torna-se prejudicada ou por vezes impossível. Neste tópico, as localidades compreendidas no semi-árido se mostram excelentes, onde mesmo nos períodos em que simbolizam o inverno, a demanda de nuvens é bem reduzidas.

b) A Transparência do Ar: É um fator que encontra-se atrelado exclusivamente na densidade atmosférica e sua altitude. É sabido que em regiões desérticas, estando em baixas altitudes, o firmamento se apresenta com uma transparência extraordinária.

c) A Turbulência no Ar: O ar estando com turbulências, originam oscilações e constantes desenfoques no instrumento nos momentos das observações. Essas oscilações ocorrem principalmente nas diferenciais térmicas das várias camadas atmosféricas. No caso do Observatório de Itacuruba, este encontra-se em um local estratégico, pois tem em seu entorno o rio São Francisco, que suas águas são importantes como elemento estabilizador de temperatura e por conseguinte, das turbulências. Por outro lado, vele lembrar que constatamos também a turbulência do ar nas estruturais prediais em que se localizam o instrumento. Nesse caso, torna-se necessário a pintura de tintas com alto teor de dióxido de titânio (tipo esmalte branco). O dióxido de titânio, possui uma propriedade de absorver as radiações infravermelhas e por tanto, produz uma reverberação calórica muito baixa.

d) As Vibrações: Fator importante visto ainda no projeto de construção do prédio que deverá abrigar o instrumento. Ou seja: Coluna de base do instrumento não atrelada a estrutura predial e um sistema eficiente e macio no qual deslizará suavemente a cúpula giratória;


QUAIS AS OBSERVAÇÕES ASTRONÔMICAS CIENTÍFICAS QUE SE PODE REALIZAR EM UM OBSERVATÓRIO INSTALADO NO SEMI-ÁRIDO?

Esta pergunta nos remete a várias repostas. Na verdade, todas as observações de praxe da Astronomia podem ser praticadas no semi-árido. Mas, tem algumas que são de suma importância no desenvolvimento da Astronomia, onde quando desenvolvidas em locais que se apresentam com os Fatores Fundamentais descritos na resposta da pergunta acima são mais apropriadas. Ou seja:

  • A observação dos Asteróides que compreende a sua fotografia e fotometria;

  • Ocultações de estrelas pelos Asteróides;

  • A observação de Cometas;

  • A observação dos Meteoros;

  • As observações de Estrelas Variáveis;

  • As observações de Estrelas Duplas (binárias);

  • As observações relacionadas com Novas e Supernovas;

  • As observações de planetas distantes e seus satélites;

O Sr. Prefeito de Itacuruba, me reportou a participação do Observatório Nacional no projeto Observatório de Itacuruba. Apesar do meu envio de e-mail ao Observatório Nacional solicitando maiores detalhes dessa parceria, até o presente momento em que elaborei este artigo, não obtive resposta.

Então, faço crer que a linha observacional na qual será implantada no Observatório de Itacuruba, seja observações relacionadas em pesquisas de rastreamento automatizado de Asteróides. Pois, é atualmente um campo de pesquisa muito em voga em diversos centros astronômicos renomados do mundo, e o Brasil necessita se firmar nesse segmento observacional, uma vez que temos poucos pesquisadores atuando no rastreamento de asteróides no país, por justamente não termos um observatório instalado em condições privilegiadas como se apresenta este de Itacuruba.

Por fim, espero que o Observatório de Itacuruba venha apresentar no futuro, relavadas pesquisas astronômicas. Como também, nós da Sociedade Astronômica do Recife – S.A.R. e a Associação Astronômica de Pernambuco - A.A.P., estamos empenhados no resgate do projeto, no qual encontra-se agora totalmente reformulado e atualizado: “Um Planetário para a Cidade do Recife”, sejamos o nosso Estado de Pernambuco, com as condições de voltarmos a brilhar, como nos tempos de outrora, em uma referência ativa na Astronomia brasileira.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008














RECEBIMENTO DA COMENDA CIENTIFICA CIENTISTA SAMUEL CUNHA FILHO

Faço registrar alguns momentos da entrega a minha pessoa da importante Comenda Científica Cientista Samuel Cunha Filho. Trata-se de um evento realizado no dia 04 de Novembro de 2007 no belíssimo Centro de Artesanato da cidade de Bezerros, agreste de Pernambuco cerca de 120 Km da cidade do Recife. Ao qual recebi das mãos da renomada cientista brasileira Dra. Rosaly M. Lopes, principal cientista do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA na Califórnia (U.S.A.).

Não posso negar que essa condecoração foi muito importante para minha pessoa. Afinal, o recebimento dessa Comenda é algo que posso remeter a um blinde por minha Boda de Prata no exercício de divulgar e praticar a Astronomia durante esses 25 anos. Assim, permitam-me recordar o momento por trás do recebimento do Prêmio Nobel de Física concebido pelo cientista americano, nascido na Alemanha, Hans A. Bethe, em 1967. A saber:

Quando Bethe recebeu o prêmio, perguntaram-lhe quais os perigos que a honraria poderia acarretar. E ele respondeu: “Creio que o principal perigo é a possibilidade de, daqui por diante, eu sentir que só posso fazer trabalho importante.”

Fazendo alusão a este momento importante na vida de Hans Bethe, bem como a sua preocupação, é que de certo modo, eu me sinto com o recebimento dessa Comenda.

Então, obrigado a sociedade cientifica brasileira pela lembrança de minha pessoa frente ao recebimento dessa importante Comenda Cientifica Cientista Samuel Cunha Filho.

Audemário Prazeres

Histórico do Dr. SAMUEL CUNHA FILHO

Nasceu em Bezerros/PE, em 21 de janeiro de 1931.

Filho de Samuel Domingos da Cunha e Adélia de Miranda Cunha.

Fez seus estudos primários em sua terra natal.

De 1941 até 1946 estudou no Colégio Marista do Recife.

Em agosto de 1946, com 15 anos de idade, viajou para a Califórnia realizando assim seu sonho de estudar nos Estados Unidos.

De 1946 até 1948 estudou inglês na Escola Preparatória da Universidade de Vila Nova na Califórnia.

Em 1947 ingressou na Universidade de Loyola (dos Jesuítas), onde graduou-se em 1951, com especialização em engenharia civil.

Em 21 de junho de 1952, casou-se com a norte americana Kathleen Flaherty, descendente de Irlandeses, com quem passou quarenta e cinco anos casado e teve seis filhos, que lhes deram oito netos e um bisneto.

Mudou-se para o Recife em 1953.

De 1953 até 1955 foi Gerente Assistente de Operações da ESSO (Standard Oil Company of Brazil).

Em 1955 regressou aos Estados Unidos.

De 1955 até 1961 foi Coordenador da Fábrica Chrysler Corporation, em Los Angeles – Califórnia.

Em 1961 ingressou na Atonics International (indústria nuclear e aeroespacial) onde permaneceu até 1982.

Foi Coordenador do projeto para construção de usinas nucleares (projetos secretos) do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

Trabalhou para NASA, no desenvolvimento e construção do reator atômico destinado ao fornecimento de energia elétrica para a espaçonave Apollo 11, lançada em 16 de julho e na produção do combustível nuclear, para propulsão do módulo lunar “EAGLE” que pousou na lua em 20 de julho de 1969.

Foi condecorado pela NASA pelo sucesso da missão do homem na lua.

Trabalhou na Missão Apollo 13 que se tornou crítica em 13 de abril de 1970 sendo um dos responsáveis pelo retorno à terra, em segurança, dos astronautas James A. Lovell Jr., John L. Swgert e Fred W. Haise Jr. Fato ocorrido em 17 de abril de 1970.

Coincidentemente, Samuel adoeceu criticamente em 13 de abril de 2007 e partiu para o céu com segurança em 17 de abril de 2007.

De 1982 até 1999 trabalhou também como Gerente de Projeto da Divisão de Aeronáutica da Rockwel na construção do bombardeiro B1-B da Força Aérea dos Estados Unidos, para o programa de defesa Guerra nas Estrelas do presidente Ronald Reagan.

Trabalhou nos programas da nave espacial Chalenger e no SR-71. “Blackbord” um avião de reconhecimento estratégico e de longo alcance, capaz de voar com velocidade de 3,2 vezes a velocidade do som e altura de 85.000 pés. Aposentou-se pela Boeing Corporation.

Seus excelentes trabalhos continuam servindo ao povo dos Estados Unidos dentro e fora do país, com aviões estratégicos e tecnologias de defesa para os dias atuais.

Em 22 de janeiro de 2003, já viúvo e aposentado voltou a residir no Recife.

Em 22 de fevereiro de 2003, voltou à sua terrinha “Bezerros City” (como carinhosamente chamava), para ser homenageado.

quinta-feira, 24 de julho de 2008






Alerta Frente ao Sensacionalismo com Marte!!!


Por: Audemário Prazeres - AAP/SAR

Chamo atenção quanto à ênfase divulgada na mídia, de que o planeta “Marte será visto tão grande quanto a Lua no dia 27 de Agosto”. Por sinal, cabe aqui lembrar que não teremos Lua visível no Céu por volta do dia 27, uma vez que no dia 30 se dar o início da fase Lua Nova.

Após a grande aproximação de Marte em 27 de Agosto de 2003, todos os anos vemos informes pela Internet anunciando essa aproximação do nosso planeta irmão.

Só para efeito de comparação e lembrança, em 2003 Marte em seu momento máximo da sua aproximação (periélio), poderia ser visto do tamanho de uma bola de tênis observada a uma distância de 528 metros. Um outro exemplo comparativo, ele se mostrou do tamanho de uma moeda de 1 Real observada a cerca de 200 metros de distância. Mesmo com essa tremenda distância de proximidade com a Terra, onde tivemos a chance de ver a olho nu o bem destacado disco de sua superfície, ele jamais se mostrou com um diâmetro maior do que a Lua. Ou seja, nem se quer a sua metade.

Torna-se necessário esclarecer esse dado, para não ocorrer com o público leigo e iniciantes na Astronomia, a mesma decepção em que foi gerada com o cometa Halley, ao qual fui coordenador da primeira equipe do Brasil a redescobrir e fotografar o Halley em sua última aparição, título este concebido pela Liga Ibero-Americana de Astronomia e IHW da NASA. Ou seja: Na época foi divulgado que o tamanho da cauda do Halley em sua aproximação máxima com a Terra, era equivalente ao tamanho visto de 27 Luas juntas. Na verdade, lá no espaço o seu comprimento era próximo ao diâmetro de Lua 27 vezes. Mas, visto daqui da Terra a olho nu, jamais correspondeu ao comprimento de 27 Luas juntas.

Conforme cálculos de plotagem, temos uma previsão de uma grande aproximação de Marte no dia 31 de Julho de 2018, onde se estima o planeta estar a uma distância de 57,59 milhões de Km da Terra. E a previsão de maior proximidade é para o da 30 de Agosto de 2082 com uma distância de 55,88 milhões de Km.


AS PREVISÕES ASTROLÓGICAS SOMENTE COMO DIVERSÃO


Por: Audemário Prazeres


Antes de prosseguirmos, permita-me definir a Astronomia e Astrologia segundo o dicionário Aurélio Buarque de Holanda: ASTRONOMIA é a Ciência que trata da constituição e posição relativa, e movimentos dos astros. Já a ASTROLOGIA, estuda a influência dos astros, especialmente de Signos, no destino e no comportamento dos homens.

O filósofo austríaco-britânico Karl Popper (1902-1994) afirmou coerentemente que a Astrologia era uma pseudociência.

O fato, é que a Astrologia deveria ser chamada de “Astromancia”, que é o destino das pessoas através dos astros. Sua existência vem há mais de cinco mil anos, onde era praticada pelos povos sumérios; caldeus; assírios e babilônicos. Atualmente, a Astrologia lida com uma enorme variável de interpretações e de compensações, chegando inclusive no campo Psicologia com programas de computadores que identificam traços de caráter e personalidade das pessoas em função de mapas astrais.

Mas como explicar a crença cada vez mais crescente da Astrologia entre as pessoas? – Para responder a esta pergunta, basta refletirmos a uma frase do renomado astrônomo Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, ao qual disse: “É impossível negar a Astrologia na vida do homem moderno que, INSEGURO com o futuro da humanidade, procura na mesma uma saída assim como fizeram nossos antepassados”.

Na verdade, existem alguns conceitos científicos que realmente incomodam aqueles que consideram a Astrologia uma ciência. Alguns astrólogos e praticantes de grupos místicos anunciaram que entramos na Era do Aquário. Vejam bem, cálculos astronômicos nos mostram que essa Era somente ocorrerá no ano de 2599, devido ao período de PRECESSÃO EQUINOCIAL, onde os Signos retrocedem uma constelação inteira, ou cerca de 30 graus de arco. A última Precessão ocorreu no ano de 54 a.C., quando o Sol passou no Equinócio da Primavera para o hemisfério Norte, de Áries para Peixes, inaugurando assim a atual Era. Na Astronomia, os astrônomos utilizam as constelações apenas como referencial na abóbada celeste. As constelações e os Signos são uma mera formação aparente das estrelas, não são astros constituídos, por sua vez, não há ligação física atrelada à passagem ou permanência de um determinado astro neste local. Esse conceito de constelações, variava na sua identificação, entre os povos antigos. Inclusive, algumas tribos indígenas no Brasil, possuem nos dias atuais, um reconhecimento bem diferente das constelações que conhecemos. Para efeito de oficialização, foram definidas pela União Internacional de Astronomia, após um acordo internacional em 1922, a nomeação e fixação definitiva de 88 constelações. Dessa forma, como prever o destino das pessoas sobre algo que não existe fisicamente?

Vemos também, uma omissão dos dias de permanência do Sol nas constelações Zodiacais. Se consultarmos qualquer anuário astronômico e plotar a posição do Sol nos 365.2422 dias do ano, verificamos que entre o dia 30 de novembro a 17 de dezembro o Sol se encontra na constelação de OPHIUCUS (Serpentário), fato este ignorado pela Astrologia, onde o Sol fica nesta constelação por cerca de 18 dias. Ao contrário quando em Escorpião (cerca de 7 dias), onde esta permanência é reconhecida nas previsões. Percebemos que não são 12 as constelações por onde o Sol caminha, mas sim, 13 constelações. Um exemplo do posicionamento do Sol no lugar errado, lembro que no dia 3 de novembro de 1994, ocorreu um eclipse total do Sol visível no Sul do Brasil. Na hora da totalidade (dia virou noite), foi possível observar o local do Sol na abóbada celeste. Pelos dados utilizados na Astrologia, o Sol estaria em Escorpião. Na verdade, entre os dias de 31 de outubro a 22 de novembro o Sol ocupa a constelação da Balança (Libra), fato este constatado no eclipse. Devido a essas enormes falhas, é que foi introduzido nos Estados Unidos, a chamada Astrologia Sideral onde, pelo menos são consideradas as posições corretas do Sol na Eclíptica.

Desse modo, sempre que verem previsões astrológicas, é bom refletir uma frase bem comum presente nos jornais dos EUA: “Os dados devem ser apenas lidos como entretenimento”.

sexta-feira, 18 de julho de 2008



Astronomia na Visão Peculiar de Quem a Desenvolve



Por: Prof. Audemário Prazeres (*)
Bodas de Prata no exercício ativo da Astronomia
audemario@gmail.com

Não resta a menor dúvida, que um dos motivos que nos fazem estudar a Astronomia, é contextualizarmos o Universo como um imenso laboratório, onde deduzimos com sua observação, atrelada as leis físicas, de modo voltado para as coisas práticas do nosso cotidiano. Esses estudos nos remetem desde a prever as marés, estudar se algum asteróide vai cair sobre nossas cabeças, até como construir reatores nucleares, e analisarmos o aquecimento da atmosfera com o efeito causado pela poluição.
Nós astrônomos amadores somos pessoas com as mais diversas profissões, e administramos dentro do possível o nosso tempo, para nos dedicarmos ao ensino, às observações, e divulgações astronômicas, onde somos motivados a esta atividade apenas por prazer. Em primeiro momento, pode alguns leitores considerar essa minha afirmação um tanto que invulgar, contradizendo com postura padrão. Mas, lembro a todos que encontramos quem se divirta com a atividade de pescar; a observar aves; a colecionar folhas de árvores; selos ou moedas, etc. A Astronomia é uma das poucas, ou única ciência, em que o amador tem vez. Vemos no Brasil, como em várias partes do mundo, milhares de pessoas que se podem considerar astrônomos amadores. Agora, nesse instante, o leitor (ou leitora) poderá também vir a ser um astrônomo amador. Por que não?
Entre essas pessoas nas quais enquadramos com o perfil de astrônomos amadores, há quem observe ocasionalmente, realizando observações esporádicas, onde em muitos casos, são observações de mera contemplação da abobada celeste. Já outros, constatamos pessoas que fazem uso de observações de maneira sistemática, obedecendo a uma metodologia baseada em critérios técnico-científicos. Como também, encontramos pessoas enquadradas como astrônomos amadores dedicados ao ensino e divulgação da Astronomia. Para esses astrônomos amadores, devemos acima de tudo, fazer uso da acepção da palavra “Amador”, no seu sentido formal. Pois, a atividade desses astrônomos amadores é feita pelo prazer da observação, pela satisfação de ver objetos belos e interessantes, pelo desejo de fotografá-los ou de fazer medições e de divulgar para o grande público a importância do contexto físico nos quais estamos inseridos.

Estas atividades podem ter diferentes níveis de complexidade ou serem feitas de acordo com os interesses e as possibilidades de cada pessoa. Não é preciso ter estudos ou habilitações especiais para ser um astrônomo amador. Embora a formação inicial possa influenciar o tipo de observações, ou a sua profundidade, a profissão de cada um não constitui entrave ao gosto por estas observações nem à sua concretização. Por isso, em qualquer associação de astrônomos amadores encontram-se uma gama de interessados, sendo eles das mais diversas profissões.
Dessa forma, para melhor enfatizar o contexto ao qual me refiro, permitam-me citar uma referencia ao moderno e atualizado dicionário Houaiss, onde encontramos vários significados voltados à palavra “Amador”. Mas, como não quero fugir ao contexto desse artigo, irei fazer uso dos significados iniciais dessa palavra. A saber:
1) Que ou o que ama; que ou o que tem amor a alguma pessoa; amante;
2) Que ou aquele que gosta muito de alguma coisa; amante, apreciador, entusiasta:
3) Que ou quem se dedica a uma arte ou um ofício por gosto ou curiosidade, não por profissão; curioso, diletante;
Podemos conjecturar que os sentimentos do amador no exercício da Astronomia, são aplicados de forma inteiramente livre, podendo ele observar o que quiser. E ao contrário dos profissionais, nos quais dominam muito bem o campo teórico, desenvolvem suas atividades de maneira específica, muitos as quais, são “presos” as rígidas normas sejam da instituição ais quais estão vinculados ou da própria natureza da observação. Dessa forma, não podemos afirmar que ocorre uma diversificação de observações por parte do profissional.
Já com o amador, a diversificação é uma característica bastante comum, fazendo desses amadores verdadeiros conhecedores do céu em relação aos profissionais. Só para se ter uma idéia, no que refere ao campo da Astronomia observacional, entre 60 e 70% das atividades é realizada pelos astrônomos amadores espalhados pelo mundo. Entre essas descobertas, destaco os cometas; meteoros; super-nova; registros de manchas solares; práticas de Radioastronomia, estudos na Arqueoastronomia, entre outras.
Na condição de ser um astrônomo amador, vemos aqueles que se dedicam as observações visuais e outros que preferem registrar fotograficamente os objetos do seu maior interesse; outros que estão começando com as atividades dentro dessa ciência há poucos meses, e quem já tenha acumulado várias décadas de conhecimento, experiência e divulgação.
A variedade e profundidade de conhecimentos são imensas entre os amadores, e as características da profissão de cada um também podem facilitar a escolha das diferentes opções. Ao contrário dos astrônomos profissionais, que geralmente possuem doutorados numa determinada área da Astrofísica e dedicam-se à Astronomia como profissão, que é a sua fonte de subsistência. Esses profissionais possuem conhecimentos teóricos obviamente muito mais profundos que os amadores e têm programas de trabalho muito delineados, dedicados à investigação e incidindo sobre temas específicos. Por isso, mantém uma linha relativamente rígida de trabalho e em geral não podem diversificar muito os seus objetos de estudo. Na maior parte dos casos não fazem observações visuais nem conhecem o céu noturno tão bem como os amadores. Muito pelo contrário, ficam por vezes sentados diante de computadores elaborando muitos cálculos.
Os astrônomos amadores podem escolher o que querem observar e quando fazê-lo. Alguns se dedicam à observação dos planetas e da Lua; outros preferem observar regularmente o Sol (com filtros apropriados); há quem goste mais de observar enxames de estrelas, nebulosas e galáxias; outros observadores optam por observar estrelas variáveis e estrelas duplas. Os astrônomos amadores mudam à vontade a sua área de interesse, desde que seja compatível com o seu equipamento de observação ou com as características do local de onde fazem as suas observações.
Podemos definitivamente concluir que a palavra “Amador”, quando aplicado as pessoas que não fazem observações por mera contemplação, e sim, sistemáticas. Bem como, para as pessoas que se dedicam de forma plena na divulgação e ensino da Astronomia, organizando encontros de classe, jamais podem ser vistas, nem em análogo, na forma considerada pejorativa, que também encontramos no dicionário Houaiss para a palavra “Amador”. A saber:
1) Que aquele que ainda não domina ou não consegue dominar a atividade a que se dedicou, revelando-se inábil, incompetente etc.; inexperiente;
2) Que ou quem entende apenas superficialmente de algum assunto ou atividade;
Felizmente, existem atualmente muitos projetos em que os profissionais e amadores compartilham e colaboram de um modo bem ativo no desenvolvimento da Astronomia. Inclusive, em 2005, houve a segunda edição de um evento criado inicialmente para astrônomos amadores na região Nordeste, refiro-me ao II - EINA – Encontro Interestadual Nordestino de Astronomia, realizado em Pernambuco e coordenados pela Sociedade Astronômica do Recife – S.A.R., conjuntamente pela Associação Astronômica de Pernambuco – A.A.P., trouxe honrosamente para este encontro regional, onde apresentaram trabalhos importantes, astrônomos profissionais de peso no cenário astronômico nacional e até internacional. Como: Nelson Travnik de Campinas/SP, sendo ele um astrônomo ativo há 50 anos (Bodas de Ouro na Astronomia); o astrônomo João Batista Canalle da UFRJ, responsável geral pela Olimpíada da Astronomia no Brasil; e o planetárista José Carlos Mariano, criador do primeiro projetor de planetário totalmente nacional “Sphera”.
Mas, apesar de certa liberdade no exercício da Astronomia pelos astrônomos amadores sistemáticos, encontramos algumas dificuldades no tocante a alguns segmentos dessa ciência. Por exemplo: Quem faz observações do Sol pode ter algumas dificuldades em coordenar essa atividade, uma vez ser ela uma atividade diurna, tendo que consorciar com o horário do seu trabalho profissional. Por outro lado, as demais observações de caráter noturno, de certo modo são possíveis sua realização por muitos amadores sistemáticos. Evidente, que se torna necessário administrar bem o tempo, afinal no dia seguinte há a necessidade de se dedicar a sua labuta diária visando a sua subsistência e família.
Por outro lado, devo ressaltar que as observações noturnas, em especial as do céu profundo (enxames de estrelas, nebulosas e galáxias), são mais interessantes desde que estejamos em locais com a menor poluição luminosa possível. Nesse ínterim, essa pratica torna-se para muitos amadores sistemáticos, uma atividade praticamente impossível se ser realizado estando o mesmo nas médias e grandes cidades com intensa poluição luminosa. Resta então, deslocar-se juntamente com o seu equipamento para locais menos atingidos com a poluição luminosa. Vale lembrar que algumas observações (por exemplo, as observações da Lua, dos planetas e de estrelas duplas) podem ser realizadas mesmo estando dentro das médias e grandes cidades. Claro que não devemos generalizar. Mas, por exemplo, no caso das binárias, dependendo da magnitude das estrelas e do grau de separação de ambas, associado ao modelo do telescópio utilizado, é possível desenvolver uma observação sistemático estando o amador em algumas varandas de apartamentos ou terraços de casas.
Na condição dos amadores enquadrados na atividade de ensino e divulgação da Astronomia, onde de certo modo esses indivíduos são responsáveis de fazer uma prospecção e fomentar futuros astrônomos amadores. Sejam esses: Observadores sistemáticos ou voltados ao ensino e divulgação.
Constatamos uma cena comum e até penoso para esse astrônomo amador divulgador/ensino, quando este desenvolve suas atividades com o público leigo e curioso com a Astronomia. Ou seja, é justamente quebrar o paradigma criado e mantido pela grande mídia sensacionalista, que insistem em divulgar imagens astronômicas, nas quais muitas delas são coloridas e tratadas artificialmente.
Assim sendo, o grande público leigo encontra-se acostumado a entender os astros com aspectos visuais não correspondentes aos vistos pelas oculares dos telescópios. Com isto, ocorre certa frustração junto a esse público leigo, e cabe a este astrônomo amador que é voltado para o ensino e divulgação da Astronomia, fazer uso de metodologias apropriadas visando estimular e formar mais amadores sejam de observação sistemática, ou de ensino/divulgação .
Essa situação errada e divulgada pela mídia me faz fazer uma alusão a um antigo e clássico filme, no qual nos remete a uma conspiração, ou seja, refiro-me a “Capricórnio Um”, onde em outros filmes mais recentes, encontramos a mesma idéia conspiracionista. Como: “Os Três Dias do Condor”, com Robert Redford, e “Teoria da Conspiração”, com Mel Gibson. Pois, deveríamos ter a mídia como aliada diretamente na educação da população. Inclusive, no trato com as questões correlacionados com as ciências.
Com isto, as pessoas inicialmente interessadas em observar determinados astros, onde são potenciais candidatos a serem futuramente observadores amadores sistemáticos, ou ensino/divulgação, acabam perdendo o encanto pelas praticas astronômicas pelo simples fato de observarem nos instrumentos imagens bem diferentes das vistas e largamente divulgadas pela mídia.
Devo ressaltar que algumas pessoas pensam que os livros de Astronomia voltados para a prática observacional devem ter muitas fotografias a cores. Na verdade, os bons livros de referência de imagens na Astronomia observacional, e utilizados pelos verdadeiros astrônomos amadores e profissionais, apresentam suas imagens em preto e branco.
O leitor não estando habituado com as observações astronômicas, ao ler o comentário acima pode achar estranha essa minha citação de imagens em preto e branco. Mas, eu faço um convite aos mesmos em fazer uma simples experiência. A saber: Pegue uma fotografia em cores (não necessariamente astronômica, pode ser uma imagem qualquer como uma capa de revista). Dirija-se com a fotografia para um local escuro, de preferência iluminado apenas por uma luz fraquíssima (pode ser a luz das estrelas, que globalmente é muito parecida com a do Sol, embora muito mais débil); depois de esperar cerca de 10 minutos, para que os olhos se adaptem à escuridão, olhe para a fotografia. Nesse momento, algo pode parecer estranho: Pois, cadê as cores?
Essa simples experiência desmistifica muitas idéias pré-concebidas, pois em condições de escuridão, o olho não consegue distinguir as cores. Na grande maioria dos objetos do céu profundo não conseguimos ver cores e as fotografias que se vêem em alguns livros e revistas resultam de exposições demoradas ou digitalizadas artificialmente. Torna-se necessário nós que desenvolvemos a Astronomia seja com observações sistemáticas ou na divulgação e ensino, orientar previamente ao nosso público leigo, que o que se vê através de um telescópio não corresponde às imagens vinculadas nas mídias. Só para efeito de um maior esclarecimento, no caso especifico dos planetas, o olho recebe muito mais luz e as cores de certo modo são visíveis.
(*) Presidente da Sociedade Astronômica do Recife – S.A.R.
Presidente-Fundador da Associação Astronômica de Pernambuco – A.A.P.
Um dos Idealizadores do EINA – Encontro Interestadual Nordestino de Astronomia
Coordenador da primeira equipe do Brasil a redescobrir e fotografar o celebre cometa Halley em sua ultima aparição
Contemplado em 2007, com o recebimento da Comenda Científica Cientista Samuel Cunha Filho
Atuante de forma ativa na Astronomia brasileira há 25 anosaudemario@gmail.com